PERÍODO: 01/01/1989 A 31/12/1992
Cargo: Prefeito
PERÍODO: 01/01/1989 A 31/12/1992
Cargo: Prefeito
Waldemar Ferreira Mendes nasceu em 08 de agosto de 1935 na Fazenda Perdiz, Distrito de Douradoquara, Município de Monte Carmelo-MG. Filho do Sr. Mário Ferreira Mendes e Maria Marra de Oliveira (ambos falecidos).
Em 1938, na companhia de seus pais, mudou-se para Abadia dos Dourados, na fazenda do Sr. Marrinha. Na época, o local era conhecido como Cabeceira dos Monges, localizado entre os Rios Preto e Paranaíba. Uma região bastante produtiva (arroz, milho, feijão e leite). As fazendas eram bastante povoadas, apesar de ser uma região de difícil acesso, pois faltavam estradas. O único meio de transporte era o carro de boi.
Mais tarde, chegou o progresso. Foi construída ponte sobre o Rio Preto e começaram aparecer os primeiros veículos automotores.
Waldemar chegou naquela região ainda bem jovem, com muita disposição para trabalhar, principalmente em obras sociais, juntamente com seus pais que sempre se dispuseram a ajudar qualquer pessoa que estivesse em dificuldades. Ao chegarem, se depararam com uma grave situação social. Faltava assistência em tudo: saúde, educação, transporte. Faltava, inclusive, cemitério para sepultar os corpos. Esse procedimento era feito sem o mínino controle legal, sem registro.
Vendo toda esta situação, o Sr. Waldemar junto de seus pais começou a trabalhar para a comunidade. Sua mãe, a senhora Maria Marra se tornou parteira voluntária aos 25 anos de idade, e todos os partos da região era ela quem fazia, pois médico só existia na cidade de Monte Carmelo ou Coromandel e apenas quem tinha recursos financeiros é que se deslocava para essas cidades em busca de médicos. A maioria dos medicamentos que chegavam até a fazenda vinha de Abadia e eram manipulados na única farmácia que havia na região. E quem auxiliava essas pessoas buscando os medicamentos era Waldemar e seu pai, apelidado: Senhor Nenê.
Dona Maria Marra percorria diariamente toda a região em um raio de 15 quilômetros, dia e noite, socorrendo mães que davam a luz, salvando a vida da mãe e do bebê, durante 20 anos. A partir daí dona Maria se tornou muito querida e amada por todos os moradores da região. Pois, além de fazer os partos ela ainda dava assistência durante algum tempo com medicamentos caseiros que ela mesma preparava.
Por conta desse trabalho voluntário, seu e de seus pais a casa de Waldemar se tornou uma espécie de casa de apoio aos moradores da zona rural.
O Senhor Nenê também foi um homem muito importante para a região de Abadia dos Dourados, pois em sua profissão de marceneiro confeccionava e consertava tudo que era utilizado na zona rural: carro de boi, engenho de pau, tacha de cobre para engenho e residência, arreio para cavalo, construía barracão para servir de paiol, curral, ferrava cavalo, costurava animais. Foi um fabricante e construtor de tudo! Inclusive assumiu a fabricação de caixão para o sepultamento das pessoas, para isso utilizava tábuas que os fazendeiros sempre tinham guardado em suas fazendas. O restante do material era compro em uma casa comercial. Geralmente seu pai fabricava os caixões à noite, utilizando uma lamparina que ele mesmo fabricava com quatro chamas, movidas a querosene. Utilizava um litro todas às noites e no outro dia pela manhã, ele ajudava a carregar o corpo até o cemitério das Combuca – local distante e a estrada de acesso era bastante acidentada.
O senhor Nenê e a senhora Maria eram queridos na região. Um casal simpático, participativo, solidários, festeiros, pagodeiros; líderes comunitários. Além de obras de caridade, eles também ajudavam o pessoal da região a praticarem o lazer. Eles gostavam muito de futebol e o único campo existente no local havia sido construído na sub-região das carrancas, local deslocado do centro.
O senhor Mário e dona Maria incentivaram a mudança do campo para Cabeceira dos Monges, local perto de sua residência, com o auxílio dos fazendeiros e todos os interessados o campo foi construído no meio do cerrado. O time de Waldemar fez grande sucesso, transformou-se em um time famoso na região da zona rural; passando a competir de igual pra igual com todos os times da região, inclusive com os times de Abadia, Douradoquara, Coromandel e Monte Carmelo.
Os pais de Waldemar eram tão queridos que quando falaram em se mudar daquela região, logo veio o clamor de toda população: O que aconteceria com a população, sem a dona Maria e o Senhor Nenê? Alguns meses antes da data da mudança começaram a aparecer pessoas interessadas a vir junto para São Simão. O senhor Nenê contratou um caminhão e levou todos os que manifestaram interesse em vir junto. Vieram para São Simão, um total de treze famílias com eles.
Na década de 40 Waldemar e seus pais se mudaram para São Simão, onde continuaram a fazer o mesmo trabalho social que faziam na fazenda. Como estava chegando a uma idade avançada à senhora Maria Marra se limitou a atender apenas aquelas mães que não tinham condições nenhuma de terem seus filhos com outras parteiras e de preparar seus chás para a recuperação pós parto. Ela atendia as mães do Canal de São Simão e da Mateira (como era conhecida Paranaiguara antigamente).
Em 1960, com a chegada dos primeiros médicos, a senhora Maria deixou de atender as pessoas.
TRAJETÓRIA ESCOLAR DE WALDEMAR MENDES
Waldemar Ferreira Mendes iniciou seus estudos aos oito anos de idade em uma escola particular da zona rural. A escola que havia sido montada por um casal de professores funcionou por três anos e foi fechada, pois ambos foram embora da região. E as pessoas da região julgaram que apenas a alfabetização era necessária, porém, os pais de Waldemar pensavam o contrário.
Em 1948, na noite de Natal, em sonho Waldemar recebeu a notícia de que um dia seria o Prefeito de sua cidade e por isso teria que voltar aos estudos. Aos doze anos de idade Waldemar se mudou com seus pais para Monte Carmelo, onde retomou seus estudos, concluindo o primário em 1952. Iniciou o ginásio, porém, por motivos alheios a sua vontade teve que interromper novamente para voltar a trabalhar na zona rural. Ficou muitos anos afastado da escola praticando todos os tipos de trabalho braçal: tocando lavoura, garimpo, etc.
Em 1955, ainda na companhia de seus pais se mudou para o município de Santa Vitória-MG para tocar lavoura de milho, arroz e feijão. Nesta época, como fora bem sucedido na lavoura conseguiu organizar suas finanças e então resolveu partir para retomar os estudos, visando outra profissão e também para se preparar para cumprir o que o haviam lhe avisado.
Em São Simão, comentou com o dentista Senhor Nilton Martins de Souza que estava partindo para Uberaba trabalhar e estudar, com planos de fazer Odontologia. Nilton disse que deixaria sua profissão para cuidar de suas fazendas e sugeriu ensinar o trabalho para Waldemar para que este ficasse no seu lugar. Waldemar ficou indeciso, pois sabia que correria risco de perseguição da saúde pública e do conselho de odontologia, exercendo a profissão de dentista prático. Depois de muito pensar resolveu aceitar a proposta, comprando o consultório do senhor Nilton e aprendendo com o mesmo a profissão.
Waldemar voltou à fazenda e avisou a todos que lá residiam que estava aprendendo a profissão quem precisasse extrair algum dente poderia procurá-lo que ele o faria de graça, ninguém precisaria mais pagar para tratar dos dentes! Em pouco tempo Waldemar já estava pronto para o exercício da profissão, as dentaduras que moldava ficava muitas vezes mais perfeitas do que as dos profissionais formados. A primeira dentadura que fez foi para sua mãe.
A profissão de dentista prático lhe rendeu dinheiro, que foi aplicado na montagem de um frigorífico de peixes no Distrito de Chaveslândia. O comércio deu tanto movimento que ele precisou deixar a profissão de dentista para tomar conta apenas do frigorífico. Aos poucos levantou capital e adquiriu a fazenda, onde reside até os dias atuais: Fazenda Estrela Dalva. Resolveu não aumentar seu patrimônio por não ser apegado a bens materiais, valoriza mais os espirituais.
Waldemar fez supletivo de 5ª a 8ª série em Ituiutaba, concluindo o curso em oito meses. Em 1981 e 1982 fez o primeiro e segundo ano de Contabilidade no Colégio Leopoldo Moreira junto com seus filhos Lucimar e Wander. Conseguindo concluir o Curso de Contabilidade no Colégio Belmiro Soares em Paranaiguara em 1994.
Waldemar Ferreira Mendes casou-se com Divina Morais Mendes em 20 de fevereiro de 1960, na antiga Mateira. Do se matrimônio nasceu de 3 filhos (Waldemon, Wander e Lucimar) e 8 netos.
Acredita que sua missão nunca foi adquirir bens mais sim de sacerdócio, olhando e cuidando, dentro de suas possibilidades daqueles que vieram com uma missão pior. Aquela provação profunda, que só com uma mão amiga poderá melhorar, ou seja, diminuir seu sofrimento. E para isso ele veio, com uma missão mais branda para ter condições de estender a mão. Por isso nunca acumulou riquezas, porque passou a distribuir parte de suas rendas para socorrer os miseráveis.
Waldemar a exemplo de seus pais sempre se dedicou a ajudar ao próximo, dedicando sempre parte de seu tempo aos necessitados. A medida que ampliou sua renda, adquiriu uma caminhoneta que colocou a disposição da população. Esta passou a ser a ambulância da cidade e o carro fúnebre. Quando surgiam os problemas as pessoas sabiam a quem recorrer: Waldemarinho.
Mesmo tendo problemas, Waldemar sempre arrumou um jeitinho de ajudar as pessoas no que fosse preciso. Quando adquiriu a fazenda ajudava as pessoas que precisam se aposentar assinando que estas pessoas haviam sido seus colaboradores na fazenda, foi denunciado e teve que justificar as assinaturas, mas mesmo assim nunca deixou ninguém sem auxílio, assinado todas as aposentadorias que aparecesse.
Waldemar em sua trajetória de assistência social realizou um trabalho fantástico. Porque não dizer inédito. Na velha São Simão sepultou dois indigentes no mesmo dia e na mesma hora. Um homem e uma mulher. O homem foi Geraldo Marques e a mulher uma moça morena que morava em um casebre de pau a pique ao lado do campo de futebol, Geraldo Marques, irmão do Zizi e do Patrão dos dois trabalhava na região, Geraldo foi trabalhador rural, morreu de infarto em uma roçada de moto no município. De besteira foi deixado na cadeia laginha em São Simão. Como e por quem não souberam dizer no caso teria que ter sido levado para Mateira na época.
O corpo foi deixado na cadeia na noite de sábado, domingo cedo o delegado e a família da moreninha, que faleceu na mesma noite, depararam com o problema do sepultamento. Saíram a procura de recursos para os interessados mortos. A prefeitura não tinha a mínima condição de fazer aquelas despesas. A família da moça e o delegado ficaram em uma situação muito difícil. Os mortos só tinham mesmo o corpo. Não tinha documentos, não tinha nada. Tinha que providenciar roupa, caixão, até as próprias covas. Não encontraram o encarregado do cemitério no domingo que era Vicente Silva. Naquela situação gravíssima das autoridades, alguém se lembrou da única pessoa que poderia fazer aquela obra de caridade: Waldemar
Aí os aflitos saíram a procura de Waldemar e ficaram sabendo que ele havia saído com sua caminhoneta carregada de gente com uma caravana do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, sobre coordenação do Senhor Germano, para um almoço de confraternização a ser realizado na rasura do lado Goiano. Logo apareceu algum que fosse a procura do Waldemar na rasura.
Waldemar voltou antes do almoço. Providenciou tudo, contratou dois carpinteiros seu pai e o “chará” – Waldemar Machado. As tábuas para o caixão foram compradas na serraria do Sr. Canhoto, o restante do material na loja do Sidneizinho, que no dia de Domingo não abre, mas as portas foram abertas facilmente. A documentação ficou para segunda-feira, Com Sr. Guilherme.
Às nove horas da noite, com a presença do encarregado do cemitério Vicente Silva, e mais três companheiros, sepultaram os mortos. Esse fato deu muito que falar na velha São Simão. Elogios e críticas. Waldemar foi vítima de mal entendido. Agindo com espírito de solidariedade e de caridade, e sendo interpretado como objetivo político. Waldemar continuou fazendo o mesmo. Nunca deixou de marcar presença nas horas mais difíceis, nas horas amargas e de dor.
Este foi e sempre será, seu comportamento enquanto vida tiver, levando sua palavra de solidariedade e conforto às pessoas em situação desesperadora. Esse é o dever de todo ser humano em cumprimento com a missão que Deus lhe deu.
TRAJETÓRIA POLÍTICA
Waldemar iniciou-se na política em 1965, filiando-se na ARENA – Aliança Renovadora Nacional. Foi eleito vereador em 1966 pela ARENA, com 110 votos, reeleito com 130, fazendo história na política de São Simão, até 1982 quando na nova São Simão saiu candidato a prefeito pelo PDS, perdendo a eleição. Em 1988 saiu candidato novamente a Prefeito pelo PMDB, vencendo com maioria expressiva dos votos. Em 1996 voltou para a vereança, onde exerce o ofício até os dias atuais. Sempre esteve à frente das decisões políticas mais importantes do Município, sempre decidindo com justiça, democracia, prudência, coerência, inteligência e transparência.
Quando Prefeito, Waldemar assumiu vários desgastes das administrações anteriores, principalmente as dívidas. A constituição de 88 foi horrível: determinou que todo município que estivesse em débito com o Estado ou com a União, teria que acertar as contas sob pena de ficar com os repasses do FPM bloqueados. Ainda bem que a Prefeitura de São Simão só devia para duas pessoas: Deus e o mundo!
O município foi obrigado a acertar todas as dívidas, e assim Waldemar começou a colocar a casa em ordem, dando um reajuste de 50% de ganho real para todos os servidores públicos; regulamentou a lei que dava todos os direitos aos trabalhadores; criou o plano de carreira, cargos e salário dos funcionários públicos e do magistério, o que fez com que os índices do nível de ensino ter significativa elevação; fez reforma geral nos prédios públicos. Todos os feitos do senhor Waldemar a frente de nosso município se deu em uma época muito difícil, economicamente falando, a inflação chegava a 80%, os índices de desemprego eram altíssimos e ainda existiam graves problemas sociais causados com o término da construção da barragem. Quando foi saindo aquele pessoal que tinha condições de acompanhar as empresas para outra fontes de trabalho. Ficou aquele pessoal que não tinha condições de ir. Alem do pessoal que não foram por falta de condições, foram chegando mais gente de baixa renda. Ocupando as casas que foram vendidas a preço baixo, além de outras casas que ficaram sem donos. Daí o grave problema social: Waldemar assumiu administração pública quando São Simão estava o fundinho do poço. A população, desmotivada, não acreditava mais nas condições de sobrevivência de São Simão, cada dia que passava a vida ia ficando mais descrente. Desemprego total. As pessoas que tiveram condições de sair, já tinham ido embora. A maioria deixando sua família, crianças e idosos, sem o mínimo recurso financeiro. Se valendo da Prefeitura, das entidades filantrópicas; maçonaria, lar do idoso, Pastoral da Criança, centro espíritas, igrejas. E de pessoas de boa fé. O Prefeito Waldemar, no dia seguinte que tomou posse foi surpreendido com tanta mulher viúva de marido vivo, aquelas que o marido saiu em busca de trabalho para sustentar sua família, muitos não voltaram, outros não mandavam dinheiro regularmente. A primeira dama Divina juntamente com as entidades filantrópicas fez um cadastramento e a prefeitura passou atender este pessoal na hora certa. Deu cesta básica, remédio, leite, pão. Waldemar não deixou um funcionário sequer sem receber o seu sagrado pagamento. No final do acerto faltou dinheiro, ele pagou do próprio bolso um por um, o que nunca foi visto em toda história da humanidade. Foi muito feliz na sua gestão de prefeito, não tendo nenhum balancete rejeitado pelo Tribunal de Contas.
A frente da Prefeitura, Waldemar também teve relevante participação na defesa dos direitos de São Simão no ICMS produzido pela geração de energia na Usina Hidrelétrica da CEMIG. Ao tomar conhecimento dos direitos instituídos em 1988 pela nova Constituição, providenciou toda documentação, e por intermédio do Deputado Sodino Vieira, membro da comissão coíndice, deu entrada ao processo, porém o requerimento foi indeferido com a alegação de que a Usina não está dentro do município. Então Waldemar juntamente com o vereador Presidente da Câmara e advogado Dr. Amarildo Guedes preparou novamente a documentação com a justificativa de que a Usina está dentro do município de São Simão. Contratou um dos melhores advogados do Estado de Goiás, Dr. Felicíssimo José de Cena . Entraram na justiça em defesa dos direitos de São Simão e como é do conhecimento de todos, a justiça é demorada e a sentença foi dada apenas na gestão de seu sucessor. Foi quando a receita do município foi acrescida de mais de 100%. Tudo isso fez com que Waldemar juntamente com todos seus assessores, companheiros, diretórios políticos e toda população deram o pontapé inicial no progresso e desenvolvimento de São Simão.
Mesmo nossa cidade tendo se desenvolvido muito, ainda tem um potencial enorme a ser desenvolvido. Waldemar sonha com a vinda de uma Faculdade para nosso município, para que nossos jovens não tenham tantas dificuldades em concluir sua formação profissional, como ele teve.
Waldemar costuma dizer que a maioria das pessoas ricas não tem compaixão, pensam apenas nelas mesmas, desvirtuando da missão mais importante dos seres, que é amar, cuidar e respeitar o próximo, estendendo a mão para os menos favorecidos.
Waldemar Ferreira Mendes nasceu em 08 de agosto de 1935 na Fazenda Perdiz, Distrito de Douradoquara, Município de Monte Carmelo-MG. Filho do Sr. Mário Ferreira Mendes e Maria Marra de Oliveira (ambos falecidos).
Em 1938, na companhia de seus pais, mudou-se para Abadia dos Dourados, na fazenda do Sr. Marrinha. Na época, o local era conhecido como Cabeceira dos Monges, localizado entre os Rios Preto e Paranaíba. Uma região bastante produtiva (arroz, milho, feijão e leite). As fazendas eram bastante povoadas, apesar de ser uma região de difícil acesso, pois faltavam estradas. O único meio de transporte era o carro de boi.
Mais tarde, chegou o progresso. Foi construída ponte sobre o Rio Preto e começaram aparecer os primeiros veículos automotores.
Waldemar chegou naquela região ainda bem jovem, com muita disposição para trabalhar, principalmente em obras sociais, juntamente com seus pais que sempre se dispuseram a ajudar qualquer pessoa que estivesse em dificuldades. Ao chegarem, se depararam com uma grave situação social. Faltava assistência em tudo: saúde, educação, transporte. Faltava, inclusive, cemitério para sepultar os corpos. Esse procedimento era feito sem o mínino controle legal, sem registro.
Vendo toda esta situação, o Sr. Waldemar junto de seus pais começou a trabalhar para a comunidade. Sua mãe, a senhora Maria Marra se tornou parteira voluntária aos 25 anos de idade, e todos os partos da região era ela quem fazia, pois médico só existia na cidade de Monte Carmelo ou Coromandel e apenas quem tinha recursos financeiros é que se deslocava para essas cidades em busca de médicos. A maioria dos medicamentos que chegavam até a fazenda vinha de Abadia e eram manipulados na única farmácia que havia na região. E quem auxiliava essas pessoas buscando os medicamentos era Waldemar e seu pai, apelidado: Senhor Nenê.
Dona Maria Marra percorria diariamente toda a região em um raio de 15 quilômetros, dia e noite, socorrendo mães que davam a luz, salvando a vida da mãe e do bebê, durante 20 anos. A partir daí dona Maria se tornou muito querida e amada por todos os moradores da região. Pois, além de fazer os partos ela ainda dava assistência durante algum tempo com medicamentos caseiros que ela mesma preparava.
Por conta desse trabalho voluntário, seu e de seus pais a casa de Waldemar se tornou uma espécie de casa de apoio aos moradores da zona rural.
O Senhor Nenê também foi um homem muito importante para a região de Abadia dos Dourados, pois em sua profissão de marceneiro confeccionava e consertava tudo que era utilizado na zona rural: carro de boi, engenho de pau, tacha de cobre para engenho e residência, arreio para cavalo, construía barracão para servir de paiol, curral, ferrava cavalo, costurava animais. Foi um fabricante e construtor de tudo! Inclusive assumiu a fabricação de caixão para o sepultamento das pessoas, para isso utilizava tábuas que os fazendeiros sempre tinham guardado em suas fazendas. O restante do material era compro em uma casa comercial. Geralmente seu pai fabricava os caixões à noite, utilizando uma lamparina que ele mesmo fabricava com quatro chamas, movidas a querosene. Utilizava um litro todas às noites e no outro dia pela manhã, ele ajudava a carregar o corpo até o cemitério das Combuca – local distante e a estrada de acesso era bastante acidentada.
O senhor Nenê e a senhora Maria eram queridos na região. Um casal simpático, participativo, solidários, festeiros, pagodeiros; líderes comunitários. Além de obras de caridade, eles também ajudavam o pessoal da região a praticarem o lazer. Eles gostavam muito de futebol e o único campo existente no local havia sido construído na sub-região das carrancas, local deslocado do centro.
O senhor Mário e dona Maria incentivaram a mudança do campo para Cabeceira dos Monges, local perto de sua residência, com o auxílio dos fazendeiros e todos os interessados o campo foi construído no meio do cerrado. O time de Waldemar fez grande sucesso, transformou-se em um time famoso na região da zona rural; passando a competir de igual pra igual com todos os times da região, inclusive com os times de Abadia, Douradoquara, Coromandel e Monte Carmelo.
Os pais de Waldemar eram tão queridos que quando falaram em se mudar daquela região, logo veio o clamor de toda população: O que aconteceria com a população, sem a dona Maria e o Senhor Nenê? Alguns meses antes da data da mudança começaram a aparecer pessoas interessadas a vir junto para São Simão. O senhor Nenê contratou um caminhão e levou todos os que manifestaram interesse em vir junto. Vieram para São Simão, um total de treze famílias com eles.
Na década de 40 Waldemar e seus pais se mudaram para São Simão, onde continuaram a fazer o mesmo trabalho social que faziam na fazenda. Como estava chegando a uma idade avançada à senhora Maria Marra se limitou a atender apenas aquelas mães que não tinham condições nenhuma de terem seus filhos com outras parteiras e de preparar seus chás para a recuperação pós parto. Ela atendia as mães do Canal de São Simão e da Mateira (como era conhecida Paranaiguara antigamente).
Em 1960, com a chegada dos primeiros médicos, a senhora Maria deixou de atender as pessoas.
TRAJETÓRIA ESCOLAR DE WALDEMAR MENDES
Waldemar Ferreira Mendes iniciou seus estudos aos oito anos de idade em uma escola particular da zona rural. A escola que havia sido montada por um casal de professores funcionou por três anos e foi fechada, pois ambos foram embora da região. E as pessoas da região julgaram que apenas a alfabetização era necessária, porém, os pais de Waldemar pensavam o contrário.
Em 1948, na noite de Natal, em sonho Waldemar recebeu a notícia de que um dia seria o Prefeito de sua cidade e por isso teria que voltar aos estudos. Aos doze anos de idade Waldemar se mudou com seus pais para Monte Carmelo, onde retomou seus estudos, concluindo o primário em 1952. Iniciou o ginásio, porém, por motivos alheios a sua vontade teve que interromper novamente para voltar a trabalhar na zona rural. Ficou muitos anos afastado da escola praticando todos os tipos de trabalho braçal: tocando lavoura, garimpo, etc.
Em 1955, ainda na companhia de seus pais se mudou para o município de Santa Vitória-MG para tocar lavoura de milho, arroz e feijão. Nesta época, como fora bem sucedido na lavoura conseguiu organizar suas finanças e então resolveu partir para retomar os estudos, visando outra profissão e também para se preparar para cumprir o que o haviam lhe avisado.
Em São Simão, comentou com o dentista Senhor Nilton Martins de Souza que estava partindo para Uberaba trabalhar e estudar, com planos de fazer Odontologia. Nilton disse que deixaria sua profissão para cuidar de suas fazendas e sugeriu ensinar o trabalho para Waldemar para que este ficasse no seu lugar. Waldemar ficou indeciso, pois sabia que correria risco de perseguição da saúde pública e do conselho de odontologia, exercendo a profissão de dentista prático. Depois de muito pensar resolveu aceitar a proposta, comprando o consultório do senhor Nilton e aprendendo com o mesmo a profissão.
Waldemar voltou à fazenda e avisou a todos que lá residiam que estava aprendendo a profissão quem precisasse extrair algum dente poderia procurá-lo que ele o faria de graça, ninguém precisaria mais pagar para tratar dos dentes! Em pouco tempo Waldemar já estava pronto para o exercício da profissão, as dentaduras que moldava ficava muitas vezes mais perfeitas do que as dos profissionais formados. A primeira dentadura que fez foi para sua mãe.
A profissão de dentista prático lhe rendeu dinheiro, que foi aplicado na montagem de um frigorífico de peixes no Distrito de Chaveslândia. O comércio deu tanto movimento que ele precisou deixar a profissão de dentista para tomar conta apenas do frigorífico. Aos poucos levantou capital e adquiriu a fazenda, onde reside até os dias atuais: Fazenda Estrela Dalva. Resolveu não aumentar seu patrimônio por não ser apegado a bens materiais, valoriza mais os espirituais.
Waldemar fez supletivo de 5ª a 8ª série em Ituiutaba, concluindo o curso em oito meses. Em 1981 e 1982 fez o primeiro e segundo ano de Contabilidade no Colégio Leopoldo Moreira junto com seus filhos Lucimar e Wander. Conseguindo concluir o Curso de Contabilidade no Colégio Belmiro Soares em Paranaiguara em 1994.
Waldemar Ferreira Mendes casou-se com Divina Morais Mendes em 20 de fevereiro de 1960, na antiga Mateira. Do se matrimônio nasceu de 3 filhos (Waldemon, Wander e Lucimar) e 8 netos.
Acredita que sua missão nunca foi adquirir bens mais sim de sacerdócio, olhando e cuidando, dentro de suas possibilidades daqueles que vieram com uma missão pior. Aquela provação profunda, que só com uma mão amiga poderá melhorar, ou seja, diminuir seu sofrimento. E para isso ele veio, com uma missão mais branda para ter condições de estender a mão. Por isso nunca acumulou riquezas, porque passou a distribuir parte de suas rendas para socorrer os miseráveis.
Waldemar a exemplo de seus pais sempre se dedicou a ajudar ao próximo, dedicando sempre parte de seu tempo aos necessitados. A medida que ampliou sua renda, adquiriu uma caminhoneta que colocou a disposição da população. Esta passou a ser a ambulância da cidade e o carro fúnebre. Quando surgiam os problemas as pessoas sabiam a quem recorrer: Waldemarinho.
Mesmo tendo problemas, Waldemar sempre arrumou um jeitinho de ajudar as pessoas no que fosse preciso. Quando adquiriu a fazenda ajudava as pessoas que precisam se aposentar assinando que estas pessoas haviam sido seus colaboradores na fazenda, foi denunciado e teve que justificar as assinaturas, mas mesmo assim nunca deixou ninguém sem auxílio, assinado todas as aposentadorias que aparecesse.
Waldemar em sua trajetória de assistência social realizou um trabalho fantástico. Porque não dizer inédito. Na velha São Simão sepultou dois indigentes no mesmo dia e na mesma hora. Um homem e uma mulher. O homem foi Geraldo Marques e a mulher uma moça morena que morava em um casebre de pau a pique ao lado do campo de futebol, Geraldo Marques, irmão do Zizi e do Patrão dos dois trabalhava na região, Geraldo foi trabalhador rural, morreu de infarto em uma roçada de moto no município. De besteira foi deixado na cadeia laginha em São Simão. Como e por quem não souberam dizer no caso teria que ter sido levado para Mateira na época.
O corpo foi deixado na cadeia na noite de sábado, domingo cedo o delegado e a família da moreninha, que faleceu na mesma noite, depararam com o problema do sepultamento. Saíram a procura de recursos para os interessados mortos. A prefeitura não tinha a mínima condição de fazer aquelas despesas. A família da moça e o delegado ficaram em uma situação muito difícil. Os mortos só tinham mesmo o corpo. Não tinha documentos, não tinha nada. Tinha que providenciar roupa, caixão, até as próprias covas. Não encontraram o encarregado do cemitério no domingo que era Vicente Silva. Naquela situação gravíssima das autoridades, alguém se lembrou da única pessoa que poderia fazer aquela obra de caridade: Waldemar
Aí os aflitos saíram a procura de Waldemar e ficaram sabendo que ele havia saído com sua caminhoneta carregada de gente com uma caravana do Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, sobre coordenação do Senhor Germano, para um almoço de confraternização a ser realizado na rasura do lado Goiano. Logo apareceu algum que fosse a procura do Waldemar na rasura.
Waldemar voltou antes do almoço. Providenciou tudo, contratou dois carpinteiros seu pai e o “chará” – Waldemar Machado. As tábuas para o caixão foram compradas na serraria do Sr. Canhoto, o restante do material na loja do Sidneizinho, que no dia de Domingo não abre, mas as portas foram abertas facilmente. A documentação ficou para segunda-feira, Com Sr. Guilherme.
Às nove horas da noite, com a presença do encarregado do cemitério Vicente Silva, e mais três companheiros, sepultaram os mortos. Esse fato deu muito que falar na velha São Simão. Elogios e críticas. Waldemar foi vítima de mal entendido. Agindo com espírito de solidariedade e de caridade, e sendo interpretado como objetivo político. Waldemar continuou fazendo o mesmo. Nunca deixou de marcar presença nas horas mais difíceis, nas horas amargas e de dor.
Este foi e sempre será, seu comportamento enquanto vida tiver, levando sua palavra de solidariedade e conforto às pessoas em situação desesperadora. Esse é o dever de todo ser humano em cumprimento com a missão que Deus lhe deu.
TRAJETÓRIA POLÍTICA
Waldemar iniciou-se na política em 1965, filiando-se na ARENA – Aliança Renovadora Nacional. Foi eleito vereador em 1966 pela ARENA, com 110 votos, reeleito com 130, fazendo história na política de São Simão, até 1982 quando na nova São Simão saiu candidato a prefeito pelo PDS, perdendo a eleição. Em 1988 saiu candidato novamente a Prefeito pelo PMDB, vencendo com maioria expressiva dos votos. Em 1996 voltou para a vereança, onde exerce o ofício até os dias atuais. Sempre esteve à frente das decisões políticas mais importantes do Município, sempre decidindo com justiça, democracia, prudência, coerência, inteligência e transparência.
Quando Prefeito, Waldemar assumiu vários desgastes das administrações anteriores, principalmente as dívidas. A constituição de 88 foi horrível: determinou que todo município que estivesse em débito com o Estado ou com a União, teria que acertar as contas sob pena de ficar com os repasses do FPM bloqueados. Ainda bem que a Prefeitura de São Simão só devia para duas pessoas: Deus e o mundo!
O município foi obrigado a acertar todas as dívidas, e assim Waldemar começou a colocar a casa em ordem, dando um reajuste de 50% de ganho real para todos os servidores públicos; regulamentou a lei que dava todos os direitos aos trabalhadores; criou o plano de carreira, cargos e salário dos funcionários públicos e do magistério, o que fez com que os índices do nível de ensino ter significativa elevação; fez reforma geral nos prédios públicos. Todos os feitos do senhor Waldemar a frente de nosso município se deu em uma época muito difícil, economicamente falando, a inflação chegava a 80%, os índices de desemprego eram altíssimos e ainda existiam graves problemas sociais causados com o término da construção da barragem. Quando foi saindo aquele pessoal que tinha condições de acompanhar as empresas para outra fontes de trabalho. Ficou aquele pessoal que não tinha condições de ir. Alem do pessoal que não foram por falta de condições, foram chegando mais gente de baixa renda. Ocupando as casas que foram vendidas a preço baixo, além de outras casas que ficaram sem donos. Daí o grave problema social: Waldemar assumiu administração pública quando São Simão estava o fundinho do poço. A população, desmotivada, não acreditava mais nas condições de sobrevivência de São Simão, cada dia que passava a vida ia ficando mais descrente. Desemprego total. As pessoas que tiveram condições de sair, já tinham ido embora. A maioria deixando sua família, crianças e idosos, sem o mínimo recurso financeiro. Se valendo da Prefeitura, das entidades filantrópicas; maçonaria, lar do idoso, Pastoral da Criança, centro espíritas, igrejas. E de pessoas de boa fé. O Prefeito Waldemar, no dia seguinte que tomou posse foi surpreendido com tanta mulher viúva de marido vivo, aquelas que o marido saiu em busca de trabalho para sustentar sua família, muitos não voltaram, outros não mandavam dinheiro regularmente. A primeira dama Divina juntamente com as entidades filantrópicas fez um cadastramento e a prefeitura passou atender este pessoal na hora certa. Deu cesta básica, remédio, leite, pão. Waldemar não deixou um funcionário sequer sem receber o seu sagrado pagamento. No final do acerto faltou dinheiro, ele pagou do próprio bolso um por um, o que nunca foi visto em toda história da humanidade. Foi muito feliz na sua gestão de prefeito, não tendo nenhum balancete rejeitado pelo Tribunal de Contas.
A frente da Prefeitura, Waldemar também teve relevante participação na defesa dos direitos de São Simão no ICMS produzido pela geração de energia na Usina Hidrelétrica da CEMIG. Ao tomar conhecimento dos direitos instituídos em 1988 pela nova Constituição, providenciou toda documentação, e por intermédio do Deputado Sodino Vieira, membro da comissão coíndice, deu entrada ao processo, porém o requerimento foi indeferido com a alegação de que a Usina não está dentro do município. Então Waldemar juntamente com o vereador Presidente da Câmara e advogado Dr. Amarildo Guedes preparou novamente a documentação com a justificativa de que a Usina está dentro do município de São Simão. Contratou um dos melhores advogados do Estado de Goiás, Dr. Felicíssimo José de Cena . Entraram na justiça em defesa dos direitos de São Simão e como é do conhecimento de todos, a justiça é demorada e a sentença foi dada apenas na gestão de seu sucessor. Foi quando a receita do município foi acrescida de mais de 100%. Tudo isso fez com que Waldemar juntamente com todos seus assessores, companheiros, diretórios políticos e toda população deram o pontapé inicial no progresso e desenvolvimento de São Simão.
Mesmo nossa cidade tendo se desenvolvido muito, ainda tem um potencial enorme a ser desenvolvido. Waldemar sonha com a vinda de uma Faculdade para nosso município, para que nossos jovens não tenham tantas dificuldades em concluir sua formação profissional, como ele teve.
Waldemar costuma dizer que a maioria das pessoas ricas não tem compaixão, pensam apenas nelas mesmas, desvirtuando da missão mais importante dos seres, que é amar, cuidar e respeitar o próximo, estendendo a mão para os menos favorecidos.